sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Internacional

Um drible de craque na opressão
Jovens árabes enfrentam governos e mostram ao mundo
um novo grito de liberdade

Por Fernando Jesus



  Ao contrário do Brasil onde muitos jovens dizem odiar política e estão mais preocupados em saber quem vai ganhar o Big Brother Brasil, qual será o novo sucesso da Lady Gaga e como será a atuação do Ronaldinho Gaúcho no Flamengo, jovens de vários países árabes do norte da África e do Oriente Médio estão se insurgindo contra governos que os oprimem à décadas.
  A “nova revolução árabe” começou na Tunísia - onde os jovens insurgentes conseguiram derrubar o presidente – e se espalhou pelo Iêmen, Sudão, Omã, Argélia, Jordânia e Mauritânia; e agora tomou enorme força e ganhou as manchetes do mundo no Egito.
  Os protestos na terra dos faraós estavam sendo marcados pelos jovens através de meios que os antigos egípcios jamais poderiam imaginar: Facebook e Twitter. Algo que surpreende aqueles que menosprezam o poder de jovens unidos em prol de um ideal. Nesse caso a liberdade.
  A cena que simboliza com mais ênfase o que acontece no Egito é a de um jovem sendo atingido (e morto) por um tiro no meio de um protesto. Você pode vê-la no vídeo da BBC que correu pelo mundo e que é repassado diariamente pelos telejornais.
  O presidente do Egito, Hosni Mubarak (no cargo há 30 anos) “tirou do ar” as linhas de telefonia móvel (celulares) e a internet para tentar evitar novos protestos. Surtiu o efeito contrário. Estou digitando às 0:29 horas em São Paulo (dia 29 de janeiro) e os protestos estão se estendendo pela madrugada no país das pirâmides (agora são 4:29 horas na capital Cairo). Alexandria, Cairo e Suez são as cidades onde ocorreram os principais protestos. Em somente quatro dias de confrontos pelos menos quatro mortos, mil presos e incontável número de feridos.
  O brasileiro não concorda com o péssimo e caro transporte público, com o caos da saúde pública, os altos salários e mordomias de políticos, o humilhante salário mínimo... E o que faz? Assiste o último capítulo da novela. Quem matou quem mesmo?
  O presidente Mubarak prometeu mudar o ministério, mas isso não convenceu os jovens. A guerra dos faraós da liberdade apenas começou. Nesse caso guerra não é força de expressão. A liberdade de um povo vale mais do que o paredão do BBB ou o elástico do Gaúcho.
nandug3@hotmail.com