O poder público manda o crime
organizado “sair”
A união das polícias civis e militares e das Forças Armadas
prova que algo poderia ter sido feito - há muito tempo
Por Fernando Jesus
Uma ação digna do cinema de Hollywood. Assim pode ser definida a guerra contra o tráfico nas comunidades carentes do Rio de Janeiro. A secretaria de segurança pública perpetrou uma ação efetiva contra o tráfico. Pela primeira vez os populares das comunidades apoiaram em sua imensa maioria a ação das forças de segurança públicas. Provavelmente por estar cansada do domínio dos traficantes com suas próprias leis e punições, e por agora sentir segurança devido aos esforços conjuntos para aniquilar o domínio do tráfico em regiões onde a imensa maioria é composta por cidadãos de bem.
Polícia civil e militar esqueceram nesse momento suas diferenças e brigas por poder e status e se uniram em prol de algo maior do que essa, digamos, rivalidade. Em primeiro momento foi solicitado apoio logístico da Marinha (tanques de guerra e fuzileiros vieram auxiliar). Após esse fato helicópteros blindados da Aeronáutica e 800 soldados do Exército, juntamente com tanques de guerra e armamento pesado foram enviados ao Rio de Janeiro. Parafraseando o presidente Lula, “nunca na história desse país” houve uma ação tão poderosa contra o crime organizado. Algo a se aplaudir, não deixando de investigar os casos de abuso cometidos por maus policiais contra o cidadão de bem. Moradores denunciam arrombamentos, quebra-quebra generalizado nas casas e furtos.
Os moradores, como citado, dessa vez colaboraram com as forças de segurança. Não foram queimados pneus e não foram feitos protestos contra as ações policiais. Desta vez notou-se um maior envolvimento de todos em prol da paz e segurança mútua. Só que em meio à essa guerra declarada ao crime organizado uma pergunta ficou no ar: se sabiam a solução por que algo não foi feito antes?
Copa do Mundo de Futebol em 2014 e Jogos Olímpicos de 2016. Essa provavelmente é a resposta. Para a realização de eventos de tamanha envergadura no Brasil foi assegurado reforço na área de segurança junto à Fifa e ao COI (Comitê Olímpico Internacional). Algo precisava ser feito. E finalmente o está sendo. Para a população pouco importam as reais intenções, o que importa é que os moradores das comunidades carentes tenham uma vida mais digna. Poucos acreditavam, mas agora ficou evidente: a maioria dos habitantes das preconceituosamente chamadas “favelas” e suas casas de “barracos” é constituída por cidadãos de bem, donas de casa, trabalhadores e estudantes. Pessoas simples que moram em regiões sem condições dignas de sobrevivência não por opção, mas pela falta da mesma.
As comunidades sejam entregues a quem esse território de fato pertence. Quanto “aos outros”? Que peçam pra sair.